Participaram cerca de 60 alunos do 10º ano e 3 professoras. As professoras Catarina Vito e Manuela Ferraz leram. Um aluno que estava empenhado em demonstrar que não estava disponível para estar ali, simulou que assoar-se com grande ruído, provocando risos e agitação. Foi insistindo até ser expulso por uma professora juntamente com o seu colega Cristiano, com quem interagia na brincadeira. Tentei intervir e disse à professor que a mim não me incomodava o comportamento dos dois alunos e que este é um espetácuoo sobre liberdade. No entanto, a professora insistiu afirmando que aqueles alunos não podiam era prejudicar a liberdade dos outros, o que estavam a fazer. Concordei pois a frase da professora recordou-me que entre liberdade e libertinagem há distância. Antes de ter sido expulso, Cristiano tinha sido o único a partilhar, quando perguntei à plateia se alguém podia dizer-nos o nome da sua mãe, que a sua mãe se chama Cristina. Continuando o espetáculo, uns minutos depois, o Cristiano reentrou discretamente no auditório e sentou-se sozinho a um canto, onde assistiu até ao fim, em absoluto silêncio.
Na conversa após o espetáculo, a professora Manuela Ferraz partilhou uma memória sobre um senhor que tinha uma oficina de carros em Viana do Castelo e que tinha um filho que, ao atingir os 18 anos, para que este não fosse mobilizado para a tropa, levou o seu filho com ajuda de uma outra pessoa, até Valença onde com apoio de um funcionário alfandegário, ajudaram o jovem a cruzar ilegalmente a fronteira com Espanha, tendo sido entregue a pessoas que do outro lado o levaram até França. Durante anos impedido de regressar a Portugal, para rever a família, o jovem vinha até à fronteira espanhola com Portugal, à qual os seus familiares se deslocavam a pretexto de passeio, para assim poderem ver o seu ente querido.
A professora Teresa Soares partilhou também que quando tinha cerca de 12 anos, a sua avó rezava pelo fim da guerra e lhe dizia para rezar com ela. Contrariada, ela respondia que como ela era menina não tinha que ir à guerra pois só os rapazes é que iam. A avó zangava-se com ela e insistia para que rezassem, dizendo-lhe que a guerra já durava há tanto tempo e ia durar ainda tanto tempo mais que quando ela fosse grande já as mulheres também seriam obrigadas a ir à guerra.
A professora Catarina Vito interveio de seguida e manifestou o seu desagrado pela atitude demonstrada por alguns alunos durante o testemunho anterior, que desvalorizavam ou sobre o qual se riam. De forma dramática lamentou a leviandade com que sentia que muitos alunos se comportavam relativamente a temas importantes para a sua formação.
Em conjunto, por proposta do Simão Trancoso, ajudado pelo Santiago, criou-se a frase “A liberdade não tem idade nem género.”. Posta à votação, niguém votou contra, houve uma abstenção, que originou a pergunta por parte de alguns alunos: “O que é isso?” e foi a frase aprovada por maioria.
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