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28 de novembro de 2024, 19h00, Grande Auditório do Fórum da Maia


No dia 28 de novembro de 2024, pelas 19h00, no Grande Auditório do Fórum da Maia, na cidade da Maia, no âmbito da programação do Teatro Artimagem, assistiram ao espetáculo 20 pessoas.

Leram a Inês Duarte, a Cecília Ramos, a Cecília Couceiro, o João Azevedo e a Cristina Almeida, que aceitou o desafio de subir ao palco. Quando terminou de ler, houve aplausos espontâneos de algumas pessoas na sala.

Na parte do espetáculo que incluiu uma conversa com o público, João Andrade questionou se teria sido por aquilo que a micro-estória passada entre Salgueiro Maia e Cavaco Silva aquando da inauguração do Museu de Cavalaria no Campo Militar de Santa Margarida relatava que, anos mais tarde, já como Presidente da República, Cavaco Silva negou a atribuição de uma pensão à família de Salgueiro Maia, invocando razões de ordem jurídica e burocrática, pensão que no entanto atribuiu a dois ex-PIDEs. O intérprete respondeu, agradecendo a questão, dizendo que optou por deixar esse facto, reforçou, esse facto, fora da dramaturgia do espetáculo, optando por apenas mencionar essa estória menos conhecida do aperto de mão entre ambos. Mas acrescentou que é também factual que Cavaco Silva, enquanto Presidente da República, condecorou por “altos serviços prestados à Pátria” dois antigos agentes da PIDE, um dos quais, o infame inspetor Óscar Cardoso, que torturou homens e mulheres; que era o chefe de segurança do edifício da PIDE no dia 25 de abril de 1974, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa e que, nessa condição, ou disparou também, ou “apenas” foi ele quem deu a ordem para que se disparassem rajadas de metralhadora das varandas do quinto andar sobre a multidão na rua, provocando 40 feridos e as únicas vítimas mortais do dia 25 de abril de 1974: 4 pessoas inocentes, mortas por balas da PIDE. O intérprete acrescentou ainda que essa mesma pessoa vive ainda em Portugal, com 88 anos, na Ericeira, tendo um tablóide nacional tido o desplante de publicar uma entrevista destacada com a sinistra figura, justamente, na semana em que se cumpriu o cinquentenário da Revolução dos Cravos. Seguiu-se Sebastião Michel, que perguntou ao intérprete qual a razão para ter deixado de usar o traje militar, como acontecia no monólogo original. O intérprete começou por graceçar que quando tentou vestir a farda, ao fim de dez anos, a mesma não lhe servia, o que se lhe afigurava muito estranho. Mas depois aludiu ao facto de essa e de outras decisões terem decorrido aturalmente do processo de criação, partilhado com vários colegas da Companhia e que de certa forma acabou por se dirigir a uma determinada essencialidade do ato teatral. Seguiu-se Conceição Couceiro, que partilhou entender que, neste caso, menos parece mais, pois o público fica envolvido na história e consegue reconstruir tudo o que está a ser transmitido dentro da sua cabeça e que certamente todas as pessoas reconstroem aquelas palavras de uma forma única. Disse estar grata pelo momento e que, apesar de não ter vivido nada daquilo, conseguiu sentir a força das palavras, até porque tudo aquilo é factual. De seguida, João Azevedo disse estar grato pelo espetáculo, pela simplicidade e pela relação de proximidade: O facto de poder segurar o texto, de ver o sublinhado, de “sentir” as palavras de Salgueiro Maia faz com que o espetáculo seja “nosso”. Disse achar que o que aconteceu foi raro porque o palco de certa forma se diluiu: o palco esteve ali à frente do público mas também esteve no meio do público e que isso foi diferente e especial. E agradeceu pelo espetáculo. Instados então a compor a chave cartográfica de transmissão, Luís Marrafa disse "25 de abril Sempre”; Filipe Santos a palavra “Liberdade”; Maria Emília disse "Fascismo nunca mais”; João Andrade disse: Um homem a sério; e Conceição Couceiro (já durante a saída do intérprete e os aplausos, sobrepôs: Continuem a fazer isto em nome de um bem maior.

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