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8 de maio de 2025, 19h00, Teatro Garcia de Resende, Évora

  • adrielfilipe0
  • 18 de jul.
  • 4 min de leitura

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No dia 8 de maio de 2025, pelas 19h00, no Teatro Garcia de Resende, em Évora, assistiram ao espetáculo 45 espetadores e 1 bombeiro que, em virtude daquele magnífico teatro manter a sua arquitetura original, inclusive na caixa de palco, ainda obriga a ter um bombeiro presente em cada representação.

Voluntariaram-se para segurar as páginas do texto “24A74 – Salgueiro Maia”, assim como para ler, Patrícia Guerreiro, Francisco Oliveira, Álvaro Coimbra (de 12 anos de idade) Ana Pinto e Beatriz Nepomuceno, que aceitou subir ao palco.

Na parte dedicada à conversa, João Bacelar quebrou o momento de hesitação sentido na plateia e perguntou se o abaixo-assinado para a RTP mencionado no texto chegou a ser feito. O ator respondeu que não, que aquando desse momento e do ambiente gerado, ficou emocionado e confuso, tendo apenas conseguido articular que tinham que prosseguir com a conversa, sem prejuízo do que se pudesse fazer futuramente. Mas o ator agradeceu a João a pergunta porque “a talhe de foice”, ela lhe permitia contar outro episódio relacionado com aquele e que inclusivamente chegou a fazer parte do texto deste espetáculo durante o processo da sua criação. Assim, contou que o senhor “Fernando espetador de Almada”, que é assim que ainda tem o seu número e telemóvel guardado, voltou a falar com ele, em Lisboa, em setembro de 2017: no final de um outro espetáculo, intitulado “O Mundo à Minha Procura”, um segurança chamou o ator no camarim e informou que estava uma pessoa na entrada de artistas que pedia para falar com ele. Surpreendido porque não esperava ninguém o ator encontrou-se com um senhor na porta de artistas que lhe disse que certamente não se recordava dele, mas que ele tinha assistido ao espetáculo 24A74 - Salgueiro Maia em Almada. O ator perguntou e o homem confirmou que tinha sido ele a propor o abaixo-assinado. Disse também que depois disso, tomou a iniciativa de escrever um email ao programador do Teatro Sá da Bandeira, de Santarém, recomendando que aquela peça pudesse ser levada à cena no teatro da terra em que viveu Salgueiro Maia e da qual partiu na madrugada de 25 de abril de 1974. Disse que teve resposta: o programador escrevia que tinha a programação para o corrente ano já definida. Mas o senhor disse que insistiu: voltou a escrever dizendo que uma vez que a peça se debruçava sobre um tema que lhe parecia que não ia deixar de ser atual, pelo que continuava a recomendar que a peça pudesse ser programada num ano subsequente. O ator questionou se o senhor teve resposta a esse email, ao que este respondeu que não, acrescentando que, não sendo da área, sendo “apenas” um espetador que gostou da peça, se tinha ficado por ali mas que foi seguindo a atividade da companhia de Viana do Castelo e que, sabendo-os em Lisboa, quis aproveitar para dar nota do sucedido, acrescentando que tinha imprimido os emails trocados com o teatro de Santarém e que agora os entregava num envelope ao ator, fazendo-o “fiel depositário” dos seus humildes esforços de promover a peça que, na opinião dele, era importante que fosse vista por muitas pessoas.

Seguiu-se José Coimbra que perguntou se o espetáculo tem sido visto por público jovem, tendo o intérprete respondido que ele estreou justamente numa escola do Ensino Secundário em Viana do Castelo e que aí fez mais de uma dezena de apresentações em várias escolas e que essa experiência foi marcante.

A seguir, o senhor José Manuel partilhou que Salgueiro Maia foi, e ainda é, maltratado, considerando-o uma espécie de “Ídolo do Alentejo” com quem, infelizmente,nenhuma instituição se preocupa como seria justo fazer, dando como exemplo a questão da casa de nascença de Salgueiro Maia, que é referida no texto, estando “anónima” em Castelo de Vide. O intérprete agradeceu a partilha e a oportunidade de a esse propósito poder partilhar que felizmente a casa foi adquirida por um casal de particulares que procederam à sua musealização, estando a mesma hoje visitável.

Seguidamente, Domingos e Maria José Coruche aludiram ao exemplo dos proprietários da casa de Castelo de Videpara enfatizar que a cidadania e o movimento das pessoaspodem por vezes fazer mais do que as próprias instituições.

Instados a construir a chave cartográfica de transmissão, mais de uma dezena de pessoas fez questão de participar, construindo a mais extensa até agora: Ana Pinto disse “Resiliência”; Francisco Oliveira acrescentou“Consequente”; Álvaro Coimbra, do alto dos seus  12 anos disse “Esperança”; São Leal disse “Memória”; João Carlos repetiu “Memória”; José Coimbra disse “Coragem”; André Ventinhas disse “Liberdade”; Joana Bacelar disse “Paz”; Silvia Leão disse “Nomes”; Guilhermina Rebocho disse “Emoção”; Carlos Rodrigues disse “Perplexidade”; Cidália Silva disse “Pátria”; João Andrade Santos disse “Símbolo”.

Antes de encerrar, o intérprete quis aproveitar para agradecer ao CENDREV a oportunidade de estarem ali, nas pessoas dos companheiros que estavam ali presentes, Patrícia Hortinhas, Ana Meira e José Russo. Acrescentou que é com muito agrado que vê aquela companhia histórica reassumir uma posição de dignidade consentânea com o seu valor e que os públicos de Évora devem acarinhar aquela companhia pois a ela se deve também sobremaneira a manutenção e preservação do Teatro Garcia de Resende como um dos mais belos do país, terminando por desejar longa vida à companhia e os melhores auspícios à cidade, incluindo o facto de ser Capital Europeia da Cultura em 2027.

Terminou em seguida o espetáculo, proferindo a chave cartográfica de transmissão e saindo, regressando duas vezes para generosos aplausos.

Depois do espetáculo terminar, à saída, a espetadora Guilhermina Rebocho partilhou com Tiago Fernandes, técnico de serviço ao espetáculo por parte do Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, que o ator se enganou a certa altura no nome do antigo Ministro da Defesa e acrescentou que foi o “engano mais bonito” a que assistiu, porque em vez de Fernando Nogueira, o ator disse o nome do poeta Fernando Namora. Guilhermina disse que neste caso foi “melhor a emenda que o soneto”.

Falaram ainda com Tiago Fernandes as espetadoras Patrícia Guerreiro e Beatriz Nepomuceno, estagiárias da Escola Secundária André de Gouveia, que sugeriram que a companhia pudesse contactar um professor daquela escola, porque consideravam pertinente que o espetáculo fosse isto pelos seus colegas.

 
 
 

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